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sexta-feira, 10 de junho de 2011

JOGO




Anadsul sempre acreditou na condição espiralada do tempo. Em sua vida tudo parecia seguir um rumo circular. Situações já vivenciadas pareciam ser retomadas  outras vezes com outras pessoas em momentos semelhantes. 


Por vezes questionava-se o que aquilo realmente representava e talvez por isso também se sentisse  como uma peça num jogo de xadrez na qual estava à mercê de Hélion, o grande jogador.

Caso fosse realmente um jogo, julgava-se uma peça ínfima, mas que se bem  utilizada poderia definir a vitória. Eram só pensamentos, pois não tinha uma visão completa da partida, somente andava e fazia a sua parte, embora não a  conhecesse com clareza. 


Aliás, quem de nós a conhece com clareza? Com Anadsul não era diferente. Buscava. Percebia e sentia. Porém, certezas, essas ele não as tinha.  A única perceptível era a de que em algum momento, o jogo haveria de terminar independente do resultado. Ultimamente, andava questionador e triste. Questionar não é um ato que traga tranqüilidade. 

Pelo contrário: sentia uma inquietude de alma que deseja enxergar de  cima para perceber as quantas o jogo se desenrolava. Confiava na destreza de Hélion, mas achava que algo não ia exatamente bem. Percebia ao seu redor uma espécie  de ventania nas quais muitas moradias eram derribadas. 


A sua mesmo havia sofrido abalos. Sua mente agitava-se em busca de solução para as equações que até então conhecia.  Os resultados eram vagos e as palavras para explicá-las, nulas. Algo novo que não se encontrava no universo da ciência e nem na cultura... Isso lhe causava a tal inquietude: não saber dizer... Ficava um gosto de “e se...” incompleto e sem resposta. Outros tantos não atinavam para essas coisas que ele percebia.

Dia após dia uma camada de poeira sobrevinha com o tal vento e encobria mais a visão. Ele vivenciava a luta para continuar vendo em meio a poeira que insistia em se levantar.

Era uma luta em vão? Nenhum livro possuía a resposta e quando buscada, as letras não tinham sentido completo... pareciam um escrito antigo com estragos profundos que aniquilam a possibilidade de total compreensão.

 A incompreensão lhe pertencia. Era exterior e interior. Um manto sufocante. Suas dúvidas o consumiam e sabia que o jogo não estava bom para o seu lado, Hélion descuidara-se. O norte era seu rumo, mas naquele tabuleiro agora qualquer direção poderia ser o norte. Nada se via, olhos abertos era sinônimo de poeira e lágrimas secas... Riu pelo lágrimas secas, pois era tanta poeira que era impossível que saísse água. Estava seco também. Um sopro de morte... Iria sobreviver só não sabia até quando... Eis que  atrás dele um gigante se levanta, era exatamente um igual a ele: Anadsul. 


Abre uma enorme boca e traga com veemência a tempestade que vem do mesmo norte que tanto almejam chegar... Aos poucos tudo volta ao normal. Aquela, pois, era a peça do xeque-mate. O fim, enfim chegara.

- Xeque-mate!!!!!


Andreia Cunha








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